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Embraer prevê prejuízo bilionário com tarifa dos EUA: “Situação muito séria para a empresa”

As tarifas de 50% que os Estados Unidos pretendem impor sobre produtos brasileiros podem representar um duro revés para a Embraer, comparável ao impacto sofrido durante a pandemia de covid-19. A avaliação é do presidente da fabricante de aeronaves, Francisco Gomes Neto, que concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira (15). A informação é do jornal Valor Econômico.

Segundo o executivo, os efeitos da medida, caso entre em vigor a partir de 1º de agosto, ainda não podem ser completamente mensurados, mas há uma “correlação plausível” com o cenário vivido em 2020, quando a Embraer sofreu uma queda de cerca de 30% em sua receita e precisou reduzir em 20% seu quadro de funcionários.

“É situação muito séria para a empresa”, afirmou Gomes Neto. Ele destacou que, por ora, não houve pedidos de cancelamento de entregas, mas alertou para o risco de adiamentos, revisão de planos de produção, redução de investimentos, perda de receita e caixa, além de um “possível ajuste no quadro de funcionários”.

O impacto estimado é expressivo: segundo a empresa, a tarifa poderá acrescentar R$ 50 milhões ao custo de cada aeronave fabricada. Considerando a média anual de produção, isso pode representar até R$ 2 bilhões por ano em perdas. No horizonte do plano de crescimento da Embraer até 2030, o prejuízo acumulado pode chegar a R$ 20 bilhões.

Os efeitos negativos, segundo a direção da companhia, não se limitariam às unidades no Brasil. A Embraer atua nos Estados Unidos há 45 anos, emprega cerca de 3 mil pessoas no país e tem nele seu principal mercado. As exportações para clientes norte-americanos representam 45% das vendas de jatos comerciais e 70% dos jatos executivos da fabricante. A tarifa, portanto, também poderá afetar as operações em solo americano, além de impactar fornecedores locais de peças e sistemas.

Fonte: Brasil247

Maior entidade empresarial dos EUA pede que Trump negocie com o Brasil

A US Chamber of Commerce, maior entidade empresarial dos Estados Unidos, emitiu um contundente alerta nesta terça-feira (15) sobre os impactos negativos que a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pode causar à própria economia americana. A manifestação foi publicada em conjunto com a Amcham Brasil, maior câmara americana de comércio fora dos EUA, e distribuída à imprensa norte-americana.

Segundo a CNN Brasil, na nota oficial, as entidades reforçam o peso da parceria bilateral e afirmam que “mais de 6.500 pequenos negócios nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas americanas investem no país”. Além disso, destacam que o Brasil figura entre os dez principais destinos das exportações dos EUA, absorvendo cerca de US$ 60 bilhões anuais em bens e serviços.

A declaração conjunta ressalta que a tarifa proposta pelo presidente Donald Trump colocaria em risco “uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos” e abriria um precedente “preocupante” ao vincular medidas comerciais a conflitos políticos. “A US Chamber e a Amcham Brasil instam os governos americano e brasileiro a se engajarem em negociações de alto nível para evitar a implementação de tarifas prejudiciais”, diz o texto.

As entidades alertam que o tarifaço afetaria diretamente insumos fundamentais para cadeias produtivas americanas, gerando efeitos em cascata nos custos de produção e no bolso das famílias. “A tarifa de 50% proposta impactaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos Estados Unidos, aumentando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade das principais indústrias americanas”, dstaca o documento, de acordo com a reportagem.

A nota conclui com um apelo por uma saída diplomática e razoável diante da escalada comercial. “É necessária uma solução negociada, pragmática e construtiva”, reforçam as instituições.

Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (14), o CEO da Amcham Brasil, Abrão Neto, endossou a necessidade de diálogo. Para ele, ainda há espaço para entendimento e medidas de retaliação devem ser consideradas apenas como “último recurso” diante da ameaça do tarifaço de Trump.

Leia, na íntegra, a nota da Câmara de Comércio Brasil/EUA (tradução não oficial):

A Câmara de Comércio dos EUA e a AmCham Brasil instam os governos americano e brasileiro a se engajarem em negociações de alto nível para evitar a implementação de tarifas prejudiciais. Impor tais medidas em resposta a tensões políticas mais amplas corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos e estabelece um precedente preocupante. A tarifa proposta de 50% impactaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos EUA, aumentando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade das principais indústrias americanas.

Mais de 6.500 pequenas empresas nos EUA dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas americanas investem no país. O Brasil é um dos 10 principais mercados para as exportações dos EUA e o destino de quase US$ 60 bilhões em bens e serviços americanos todos os anos.

Uma relação comercial estável e produtiva entre as duas maiores economias do Hemisfério beneficia os consumidores e sustenta empregos e a prosperidade mútua. A Câmara dos EUA e a AmCham Brasil estão prontas para apoiar os esforços que conduzam a uma solução negociada, pragmática e construtiva — uma que evite a escalada e garanta um comércio contínuo e mutuamente benéfico.